Não compre. Faça! - Cultivar Luffa - esponja vegetal

Nunca tinha ouvido falar em luffa, até que li o livro da Bea Johnson e assisti à sua conferência há dois anos em Londres (o frio e chuvoso janeiro de 2017 parece-me tão distante agora)!

Bea Johnson refere que a lavagem da sua loiça é feita com uma esponja vegetal que pode ser compostada depois de usada. Achei a ideia fantástica e pus-me logo a procurar onde podia adquirir a minha. Após adquirir a primeira e ficar completamente rendida a esta esponja, escrevi um post sobre como lavar a loiça de forma mais ecológica, que podem ler aqui. Desde então tenho comprado a minha luffa na loja da Miristica ou pessoalmente no Funchal com os fundadores da Pérola Marinha

Ao início estranha-se, mas como diz o ditado, depois entranha-se. É daquelas mudanças tão simples de se fazer e muito ecológicas, pois evitamos o plástico de duas maneiras: o plástico proveniente das embalagens das esponjas convencionais e o plástico usado na produção das próprias esponjas. 
As esponjas convencionais, vão, invariavelmente, parar ao caixote do lixo e posteriormente a um aterro (visto não poderem ser recicladas). Tudo isto não acontece ao usarmos uma esponja vegetal: por ser uma planta, a luffa, pode ser colocada no composto orgânico, para se tornar adubo e voltar, novamente, à terra. Na natureza nada se perde, tudo se transforma! E como isto é verdade neste caso! 

Mas, vamos ao título deste post, efectivamente: o cultivo de luffa
Como me cederam algum terreno e no ano passado iniciei a minha jornada na agricultura e tinha espaço suficiente, decidi semear algumas sementes de desta planta. Comprei as sementes a um agricultor através da plataforma OLX (a internet é mesmo fantástica) e pouco tempo depois estava a semear as minhas sementes em vasos muito pequeninos que já não tinham utilidade cá por casa. 
Passado talvez um mês e meio, transplantei as mudas para o terreno, propriamente dito. A luffa é uma planta trepadeira, por isso há que plantá-la num terreno que possua uma latada (neste caso usei barbante que atei aos ferros superiores da mesma). Os cuidados a ter foram quase mínimos: muita água no início, porque estávamos no verão, e um insecticida caseiro com alho e cebola que tive de aplicar para matar os pulgões, ou piolho, como é vulgarmente conhecido. As formigas também me deram algumas dores de cabeça, mas lá foram coabitando com as minhas plantas.


Luffas ainda pequenas e no início da fase de crescimento do fruto,
  
Liliana Sousa

Os frutos cresceram alegremente e de forma completamente biológica e eu fiquei radiante, porque felizmente tive muitos. As flores amarelas são as flores. Existem flores macho e flores fêmea, que têm de ser polinizadas pelas abelhas para se puderem reproduzir (que eu saiba não há um método humano que possa ser usado nesta situação). As abelhas são extremamente importantes para nós, e mesmo assim, fazemos coisas todos os dias que as estão a matar! 

Mas agora vem a parte menos feliz: por inexperiência e falta de conhecimento, como vim a comprovar posteriormente, as sementes deviam ter sido semeadas muito mais cedo e o transplante para o terreno devia ter sido feito em meados de março ( o que aconteceu em julho). Este atraso, fez com que as plantas não tivessem tempo de amadurecer correctamente, e muitos frutos acabassem por apodrecer por excesso de água.
A luffa para ser colhida, tem de ter a sua casca seca para que a mesma possa ser retirada facilmente, ou seja, as suas fibras interiores têm de estar prontas para que as sementes se soltem facilmente das mesmas. Ora, voltando à minha inexperiência na agricultura, colhi alguns frutos demasiado cedo, e como é obvio, não pude usar as fibras, ou o fruto propriamente dito.


Já estamos grandes mas ainda pouco maduras,
  
Liliana Sousa


Mas não me arrependo nada de ter cultivado esta espécie. Consegui efectivamente produzir algumas esponjas para usar na minha cozinha, e acima de tudo, tenho agora sementes que vou semear novamente (desta vez mais cedo, certamente). Para além disso, tenho uma grande quantidade de sementes que estou disposta a oferecer (quem estiver interessado, por favor entre em contacto comigo). 
Acima de tudo, penso que esta experiência foi muito positiva devido a muitos factores: esta planta não dá quase trabalho nenhum; pude usar alguns recursos que tinha que não estavam a ser valorizados e posso passar algum tempo sem recorrer a nenhuma empresa para ter as minhas esponjas  completamente zero waste :)


Luffa velhinha e cansada de trabalhar pronta para voltar à terra,
  
Liliana Sousa, Janeiro 2019


Luffa pronta a usar e sementes da planta, Liliana Sousa, Janeiro 2019

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