Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje

Que levante o braço quem tem aquela cadeira, banco ou móvel no quarto, ou em outra divisão da casa, que vai sendo preenchido/ carregado/ atulhado de coisas.

A maior parte das pessoas que conheço tem este costume: arranjamos um espaço para as coisas que não conseguimos lidar neste momento (dizemos para nós mesmos que será temporário), até termos tempo, vontade, paciência, etc. para lhe darmos um destino. 

O grande problema é o seguinte: adiamos esta tarefa por longos períodos de tempo e consequentemente vamos acumulando objectos que nunca iremos usar e tarefas que seriam menos penosas de realizar, se as fizéssemos assim que nos aparecem à frente. 

Um exemplo muito comum, e que acontece comigo frequentemente: chego ao fim de um dia  cansativo e substituo a roupa que usei pelo pijama ou algo mais confortável. Pego na roupa que usei nesse dia e, quanto muito, coloco-a no cesto para ser lavada. O resto da roupa, que ainda pode ser usada, tem como destino a cadeira que tenho no quarto.
Não há problema nenhum nisto. Ou até há: este hábito torna-se diário, e no final da semana tenho uma cadeira amontoada e avassaladora. Olho para ela e não quero ter a chatice e o trabalho de ter que lidar com ela, e digo para mim que amanhã eu arrumo. 

Esta cadeira que todos temos é um exemplo perfeito de procrastinação. Adiamos uma tarefa, um telefonema, uma limpeza, uma leitura. E na maior parte das vezes em que podíamos realizar alguma coisa, estamos fixados nas novas prisões quotidianas, como a televisão ou as redes sociais.

Quando temos o hábito de procrastinar, fazemos com que o nosso espaço nunca pareça estar organizado, mesmo que seja limpo com alguma frequência.
Para mim, esta cadeira, tem um efeito desgastante, pois olho para o meu espaço e tenho aquela sensação que há sempre coisas que precisam ser feitas.
A longo prazo, este pensamento tira-me a paz e faço algumas arrumações mais profundas e demoradas.
Mas esta prática não é simples, nem duradoura, muito menos efectiva e duradoura.


A cadeira,
Fevereiro 2018, Liliana Sousa


Assim, existem algumas estratégias que penso que funcionam, para atingirmos uma vida mais simples e organizada.
Eis algumas delas que tenho tentado seguir, e que têm trazido benefícios duradouros:

- Lavar a loiça logo após as refeições - há muitas pessoas que perdem a vontade de cozinhar, pois a primeira coisa com que têm que lidar é uma pilha de loiça das refeições anteriores;

- Colocar a roupa suja no cesto assim que a tirar - isto evita que depois percamos tempo a separar a roupa limpa da suja;

- Não deixar a roupa limpa na tal cadeira ou banco - o prazo que agora dou a mim própria é de um dia (se tiro a roupa hoje à noite e não a usar na manhã seguinte, tenho que voltar a arrumá-la no seu lugar). Isto evita as tais acumulações que depois se tornam um fardo;

- Livrar-se da gaveta das tralhas - penso que muitos de nós temos uma gaveta com coisas que não temos ideia do que queremos fazer com elas - o que sugiro é que se encontrar um objecto e não tiver um fim para o mesmo, coloque-o junto dos outros objectos da mesma família (um parafuso na caixa das ferramentas, uma caneta no escritório, etc.);

- Ter uma tabela com as tarefas semanais - não sou maníaca das limpezas, mas gosto de ter uma casa limpa e arrumada. Com uma lista daquilo que tenho que fazer em casa, posso distribuir as tarefas pela semana, e assim evito ter um dia mais pesado que os outros, no que diz respeito à limpeza da casa;

- Arranjar uma zona de saída - tenha um espaço em casa onde possa colocar duas caixas/ sacos. Numa caixa coloque todos os objectos que têm de sair de casa para serem doados e noutra caixa coloque os objectos que ainda não sabe o que fazer com eles. Dê um prazo a si próprio/a e quando este prazo terminar, se não tiver usado os objectos coloque-os na caixa da doação e entregue-os a uma instituição de cariz social ou a alguém que precise mais deles do que você. Verá que não sentirá falta deles;

- Devolver cada objecto ao seu lugar depois de cada utilização - mais uma vez, evita-se assim o acumulo de tarefas por realizar e a desorganização;

- Fazer uma lista das coisas que têm que fazer - comece a fazer uma tarefa de cada vez. Verá que ir riscando o que já foi feito dá uma sensação de dever cumprido e mais motivação para continuar.

Estas estratégias quotidianas podem parecer muito básicas, mas a verdade é que funcionam muito bem, especialmente para pessoas que precisam de ter uma rotina simples e organizada.

Mas a derradeira estratégia é esta: diminua o número de pertences e tarefas que tem - ao diminuir os nossos objectos, precisamos de menos tempo e energia a limpá-los, arrumá-los e a mantê-los em bom estado. Ter um estilo de vida minimalista torna as nossas tarefas diárias e a nossa organização mais fáceis, mais rápidas e até mais prazerosas de se fazer.

A procrastinação, ou o hábito de se deixar para amanhã o que se pode fazer hoje, é algo que leva tempo a ser combatido. Todos nós temos dias menos positivos, em que não nos apetece organizar e realizar as tarefas que têm que ser feitas.
Contudo, ao começar pelas tarefas domésticas, damos o primeiro passo para alterar outros hábitos menos positivos que temos. Ao abandonarmos estes hábitos, ganhamos mais tempo e energia para nos dedicarmos aos projectos que realmente queremos realizar.

Ter uma alimentação mais saudável, fazer exercício físico regularmente e levantar-se cedo são áreas em que o meu nível de procrastinação é elevado.
Os entendidos na matéria referem que são necessários vinte e um dias para ser criado ou quebrado um hábito. Que comece a maratona. Que comece o fim dos cadeirões

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